quinta-feira, 19 de novembro de 2009



RENASCIDA

Percebe-se um eixo entre as bocas
entende-se o equívoco das horas em extrema volúpia ?
Sabe-se a teoria do exímio encaixe de duas matérias
isolaremos as fisionomias perfeitas ?

estamos demolindo a obra de Deus, ou,
driblando a operação cafajeste do Gênio do mal?

A carne não é mais paradoxal, perdeu-se a dimensão.
a grandeza se iguala ao bagaço sem seiva;
oscilações pantanosas, alterações patológicas;
fusos horários trocados na memória.

Virás nessa noite como um metal macio,
ou, sobrevoará como a mosca-da-abóbora, destruindo a polpa dos frutos?

Padece em tuas metamorfoses
de flor-de-rocha para flamboiã
de labareda para flâmula, ou
de harpia para um colibri ?

retornarás ao ponto de partida,
ou, já fora repartida com a pontualidade do teu ser?

(U.B)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Maças azuis 

As imagens na água refletem a cidade;
na cidade, o homem folheia.
No homem, existem praças e ruas;
nas praças, os pássaros.
Nas ruas, as árvores;
nos pássaros, a chuva.
Entre as árvores, os hortelãs.
na chuva, os gatos;
entre os hortelãs, os corações.
Com os gatos, o silêncio;
pelos corações, os jenipapos.
No silêncio, as imagens;
nas imagens, as paisagens.
Entre as paisagens, o homem;
em volta do homem, a cidade.